1 de novembro de 2018

Falsos ativistas interseccionais

Falsos ativistas interseccionais são aquelis que se posicionam a favor da inclusão total, mas na prática pisam certos direitos para conseguir aqueles que lhes interessam. São as pessoas que lutam para ter a cereja no topo do bolo, ignorando o facto de que outras pessoas nem bolo têm.

Aliás, isso nem seria um problema. Não vejo como problemático querer resolver mesmo os pequenos obstáculos que nos dizem respeito, até porque às vezes é mais fácil avançar começando com problemas menores. Correção ao primeiro parágrafo: falsos ativistas interseccionais são aquelis que lutam pela cereja no topo do bolo, cagando (as in, conscientes disso e mesmo assim seguindo com a decisão) para o facto de que isso irá custar o bolo de outras pessoas.


Esquecem-se que animais e a natureza também têm direitos

ou

Lutam pela proteção do planeta, mas ignoram que banir o plástico radicalmente irá literalmente matar as pessoas com deficiências que não podem recorrer a alternativas https://www.facebook.com/anilyan.leounear/posts/1719021878226308

ou

Afirmam que se deve dizer "todos e todas" em vez de "todxs/todes", porque senão as mulheres só seriam incluídas implicitamente - não lhes interessa que a primeira alternativa exclua EXPLICITAMENTE pessoas não-binárias, porque claaaaaaaro que isso não é nada comparado com estar incluído, ainda que "só" implicitamente

ou

Dizem que se devem respeitar pessoas de todas as orientações, mas se virem alguém com uma orientação menos conhecida, começam a falar sobre como a label dela é desnecessária

ou

Opõe-se ao racismo, mas só consideram problemas enfrentados por pessoas negras, acham que pessoas birraciais que são lidas como brancas não sofrem com racismo, etc...


São pessoas que criticam o privilégio das maiorias, mas não enxergam o seu, nem descentralizam o seu ativismo das próprias experiências. A hipocrisia é tanta que se torna cómica.

Basicamente, usam os direitos de certas pessoas como degraus para conquistar os seus, e ainda tentam ficar bem na fotografia como "mente-aberta, interseccionais, inclusivas". Com um bocado de sorte fazem isso de consciência limpa. E não é por ignorância, não - elas negam os direitos de algumas pessoas sob a premissa de "menos importantes" (mesmo quando são literalmente formas de reconhecer/preservar a existência dessas pessoas) no momento em que são confrontadas com tal.

Inclusão não é verdadeira se for conseguida à custa da exclusão das pessoas mais marginalizadas. Respeito condicional não é respeito (só interesse). Direitos "menos importantes" não existem (direitos são inerentes a todos os seres vivos deste planeta e não podem ser merecidos nem medidos).

Mas tudo isso seriam visões toleráveis numa pessoa que não considera que lutar por direitos é algo importante, ou com um acesso limitado à informação/educação. Em ativistas, especialmente nos que se autoproclamam interseccionais? Ridículo.

Metaforicamente, cuspo na cara de quem faz essa merda.